A aplicação da filosofia de Shrek

Hoje entrei naquele que será o mais doloroso semestre de sempre. Não só porque, sendo um estágio com diversas frentes relativas à intervenção do Fisioterapeuta na saúde, se lida primordialmente com dor, mas principalmente porque se é constantemente avaliado e de 5 em 5 semanas se procede aos exames que deitarão por terra qualquer sonho de concluir o curso..

Este stress de querer demonstrar sempre um sorriso a um doente que não consegue fazer o seu quotidiano devido a dores que o condicionam [ é a área do meu estágio...], que não consegue andar 1 metro porque fica com falta de ar ou que está em estado terminal e que o objectivo é o conforto prolongado o máximo de tempo e a manutenção da qualidade de vida, por vezes torna-se extremamente complicado..

Mas existe o outro lado, a face humana, de quem tem uma vida paralela e, antes de um profissional de saúde o ser, é um indivíduo também inconstante em que varia o seu estado de espírito e humor, por exemplo. A personalidade é ainda um ponto chave na facilitação ou complicação da aprendizagem das competências incutidas a esta profissão.

Antes deste adquirir de conhecimento empírico sobre a forma de lidar com cada paciente da melhor forma e adequada individualmente, muitas lacunas são cometidas e pensamentos surgem...

Shrek afirma no primeiro filme que "... as pessoas são como cebolas.. ".

É preciso mesmo ter multicamadas quando se lida com o outro mas, não só como defesa pessoal, pode ser essencial no tratamento e recuperação de um doente - placebo.

Como interpretar diariamente uma personagem típica, com todas as características a que é obrigada, enquanto bom terapeuta, como manter sempre a calma, creatividade e empatia?.. [Destacando as mais difíceis...]

Uma pessoa normal, como me considero, acha um esforço já por si enorme quando se dirige a um hospital para estagiar e, por exemplo, ter que cumprimentar todas as pessoas, internas ou externas, sempre com um sorriso transparente e subtil...

Reflecte-se por vezes em situações cómicas, como vaguear pelos corredores com um sorriso montado estupidamente ou cumprimentar over and over again as mesmas pessoas [Né Outsider K.? Só resulta na primeira hora!!..]

À parte dos acontecimentos insólitos e de morrer a rir que surgem também porque o nervosismo se traduz muitas vezes no riso e parvalheira, existem dias em que é muito difícil encarnar algo que não se sente e, tal como um actor de palco, não pode vacilar, principalmente quando se lida com o estado de saúde de um indivíduo com um ou mais problemas e, qualquer pormenor pode despoletar um recuo no seu tratamento e/ou colaboração.

"A empatia aprende-se, mas poucos a atingem"

Colegas, boa sorte e muita.............. calma!!