OUI won!
- Não concordam com nenhuma das duas respostas? Ok, é compreensível mas, as decisões têm de ser tomadas e a posição "do contra" não é favorável a uma resolução. Concordam com meia resposta? Atenção que o objectivo não é a radicalização da opinião, mas sim um contrapesar dos prós e contras.... [ Eu bem disse que rendia mais colocar mais quadradinhos para preencher o papelito, do género "Estou indeciso", "Não me apetece pensar nisso agora", "Não gosto dos outros quadrados" ou "Hoje está a chover?". ]
- As urnas estão numa escola C+S do Concelho vizinho e o autocarro são 3,20 euros.. Pois, realmente ninguém tem em consideração estas dificuldades típicas do interior..
- O Padre diz para votar "Não", mas eu sou a favor do "Sim".... Pah, não quero ser excomungado, a minha avó tinha um AVC com tanto desgosto...
- Vim do estrangeiro e não cheguei a tempo às urnas... [ lol ]
- A mais grave.....: Tenho 23 anos e não sou eleitor!!!! [utente ao meu cargo no estágio presente...]
"Só eu sei porque não fico em casa" [ Não, não é publicidade a esse triste clube...] )
Falando a sério..
Penso que o resultado demonstra, não só que a maturidade e a noção de valores e sua estratificação, principalmente das novas gerações, estão a progredir no sentido da diminuição de injustiças sociais e ideias conservadoras que desde sempre condicionaram a evolução da sociedade.
É necessário romper com o passado... a condenação, solução antiga para tudo o que pudesse de alguma forma interferir com os valores de alguém mais empírico e senso comum, não é a solução para este problema, existente desde sempre, e que perdura, ainda para mais com consequências jurídicas, sem sentido, que provam o nosso atraso face à restante Comunidade Europeia.
O votar "Sim" não pode ser baseado na anarquia, assim como o "Não" não pode ser baseado na discussão do início da vida. Daí que, a solução passe sim pela despenalização das mulheres que recorrem a este processo e não pela liberalização do processo em si.
Em relação às campanhas..
A campanha promovida pelo "Não" teve demasiados pontos negativos, não só a sua focalização no início da vida, como já fora referido, mas porque se basearam nas complicações do aborto para a mulher, como a nível psicológico. É de salientar que, com a despenalização, as mulheres não serão obrigadas a abortar, simplesmente poderão optar, escolher, sem represálias. Outro ponto negativo foi a chantagem emocional que pareciam tentar cultivar através de uma linguagem e abordagem conservadora muito confusa que condicionou, a meu entender, a população mais idosa a quem estas ideias são difíceis de entender à partida, uma vez que a mentalidade ainda está presente no passado. Nem vou comentar os argumentos relativos a métodos contraceptivos, visto que se parecem basear em "tapar o sol com uma peneira"...
A campanha do "Sim" foi mais organizada, focando os principais prós, demonstrando a sua importância num plano mais prático. Penso que os argumentos foram os melhores e o facto de terem dado especial ênfase às mortes que ocorrem anualmente devido a abortos clandestinos fez a diferença, porque as pessoas têm uma leve ideia de que o processo pode ter muito insucesso quando realizado em condições precárias, mas os valores demonstram e traduzem que realmente são muitas mortes.
Existe muita ignorância que se reflete nos valores nulos do referendo.
Voto sim porque, apesar de não concordar com a liberalização do aborto enquanto método contraceptivo tardio, concordo que a mulher deve ter o direito de escolher fazer ou não o aborto e, principalmente, que deve ter o direito a receber cuidados de saúde dignos se essa for a sua decisão...
[ Isto daria uma larga reflexão, daí que apenas tenha sintetizado a minha justificação. Agora que os resultados saíram, parece-me que devo citar o meu voto, como forma de auto-expressão. ]
1 Comments:
At terça-feira, fevereiro 13, 2007 11:51:00 da manhã, Anónimo said…
Desde já, quero congratular este post, axo que defendes muito bem a tua posição e fizeste uma excelente síntese do "circo" que se gerou à volta deste acontecimento.
Só quero deixar um "desabafo"... é triste que num país onde reclamamos de tudo e de todos (a maioria das vezes com razão) e onde são poucas as oportunidades que nos dão para expressarmos as nossas escolhas (as eleições não contam, porque já deu pa ver que por mais que se tente variar, vai dar td sempre ao mesmo), pela 3a vez que se faz um referendo, o nr de abstenções continua a ser gigantesco dentro da pequenez que é o nosso país. Ora, se nos dão a oportunidade de fazermos uma escolha, devemos aproveitá-la... uma abstenção tão grande só vai levar a que de futuro desistam de fazer referendos! Perguntar para quê? Poucos querem saber... e depois lá estamos, continuamos a fazer as mesmas reclamações de sempre, que não passam de múrmurios que se perdem em conversas de autocarro, em filas de espera nas repartições das finanças ou em casa em frente à TV a ver aqueles debates frutiferos de onde saem conclusões estupendas como "o país está de tanga" ou então "devem investir no nosso país porque é o que tem os ordenados mais baixos"!!!!
Não importa se estamos divididos, se é um tema difícil (como o presente caso) ao menos devemos marcar presença, devemos aparecer em número para que não se esqueçam e para que não nos tirem mais um direito, o de expressarmos a nossa opinião!
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