SW 07: Day Three

Para quem acompanha religiosamente estes contar de palavras parece que muito já se passara, mas não, porque muito estava ainda para vir..

Acordados naquele mundo que já se tinha entranhado na nossa pele [ sim, caso não se recordem, estávamos com um banho a menos... ], ainda aluados e irritados por termos que dormir ao som daquele estranja que tinha "Encorado" no palco, lá restabelecemos a calma matinal, junto dos cereais a cheirar a atum e maionese.

Depois da árdua tarefa que é escolher uma roupa, uma vez que nesta altura ainda havia roupa branca, por estrear, a cheirar a Skip caseiro.. e da dificuldade em vestir ou ginástica matinal que implica, faltava arrumar a tenda.

Sim, sim, porque podem estar as famílias dos mutantes aracnídeos e formigos na parede externa da tenda, mas dentro não entram! Não foi referido, mas a tenda onde habito é sempre limpa todinha por dentro com toalhetes húmidos, e as trouxas estão dispostas no interior, com tudo pensado ao pormenor, ora vejamos:

Este era o nosso humilde lar

- Toalha enrolada da Fmui a fazer de almofada

- Espaços reservados ao champô, amaciador, toalhas de banho e sacos dos sacos-cama

- A minha mochila

- O meu saco



- Fmui's bag

- A mochila da Fmui


- 1 par de ténis e 1 par de chinelos de cada uma

Que tal, hum?.. Relativamente a poupança de espaço e arrumação não há mais pontos a conquistar. Era apenas para imaginarem um bocadinho daquilo com que estas almas se preocupam quando atiradas em sacos de pano para o Alentejo costeiro.. Está visto que nem tudo se perde!

Mas continuando.. Lá fomos fazer as compras matinais à aldeóca da Cavaleira na presença daquele que começava a ser o nosso amigo gato preto.

Seguimos depois, desta vez, na direcção de outra praia, "A da WC Fixe!". Entenda-se como wc fixe, 50cm quadrados com aranhas e moscas em comunhão, calcário alaranjado no interior da sanita com tendência para a criação de algas em alguns anos. Nem classifico a intensidade do odor.

Mas para as senhoras inchadas e com problemas em despejar o contentor de produtos não recicláveis, tornava-se um sonho aliviador...

Mas a praia é fabulosa.. de manhã só cabem meia dúzia de guardas-sol e quando a maré fica vazia o espaço triplica. Um fenómeno interessante!

Momentos interessantes se passaram, mas se há cena célebre que ocorreu naquele dia foi esta.. Eu e Fmui, depois de estarmos completamente dentro de água, o que foi difícil considerando a temperatura interior, e que só foi possível depois de nos tentarmos afogar mutuamente [ ela tentou... eu conseguia! :p ], fomos instalarmo-nos confortavelmente numa mini-lagoa com peixes-bebé e alguinhas lindas tipo SPA.

O problema é que a motivação não era a atracção turística, mas sim o mega spot que era para a prática de necessidades rápidas que não obrigavam a uma deslocação à wc fixe.

Esclareça-se que a Fmui só foi depois de mim e, depois de chantagem emocional, desafios à coragem, reflexões sobre como seria a concentração de líquido expelido por segundo e se a água se tornaria amarela rapidamente, e tudo o mais, lá a convenci a fazer o mesmo que eu.

Entretanto, ficámos na mesma lagoazica, mas num outro lado e depois de empurrarmos alguma da "água" para outra poça.. Eis que surgem três indivíduos no nosso ex-lugar!! Os dois rapazes entretinham-se a mergulhar e a rapariga descansava emergida na água!!!.... Não demorou 3 segundos até que olhássemos uma para a outra e nos desmanchássemos a rir!! Foi mesmo hilariante! se eles soubessem..

É claro que fomos contar aos outros e saímos de lá antes que tivessem a mesma ideia que nós!

Mas a piada não morreu, visto que cerca de 1 hora depois o Erva Doce foi lavar a loiça do almoço e, com quilómetros de praia.... é verdade! foi mesmo lavar na lagoazica!!

O ácido sempre ajuda a limpar os resíduos de gordura... Nojento? talvez! Mas é tudo uma questão de anticorpos!

Depois de comermos, dormirmos, tomarmos banho e pouco mais, a tardinha chegava e o dia ia começar.. Ora, o que valia mesmo a pena?

PALCO TMN
19h00/19h20 - SOULBIZNESS
19h40/20h30 - COOL HIPNOISE
20h50/21h50 - ARMANDINHO
22h10/23h00 - OUTLANDISH
23h20/00h20 - THE CINEMATICS
00h40/01h40 - CYPRESS HILL
02h00/03h20 - BURAKA SOM SISTEMA (After-Hours)

TENDA PLANETA SUDOESTE
19h30/20h15 - NASTIO
20h45/21h30 - OS LAMBAS
22h00/22h50 - BALLA
23h20/00h20 - DATA ROCK
00h50/02h10 - BONDE DO ROLÉ
02h30/03h40 - MARY ANN HOBBS
03h50/05h10 - MARY B

PALCO POSITIVE VIBES
20h45/21h30 - MANIF3STOS
22h00/23h30 - SOLDIERS OF JAH ARMY
00h15/01h45 - STEEL PULSE
02h00/05h00 - GENERAL LEVY + ROBBO RANX

Esperava-se o melhor concerto: Buraka Som Sistema. E à noite chegava a M. e o Gigante que vinham só esta noite para verem Cypress Hill.

Na volta voltámos à aldeóca para as compras da tarde, como gelo, líquidos e afins e não é que, desta vez... não só estranhámos a presença novamente do gato, que já obrigava a chamar à mercearia "A loja do Gato Preto", mas algo de inesperado aconteceu..

Não é fácil perceber pela fotografia, por isso aqui fica a representação. O que normalmente se chama de patins, é considerando sob uma perspectiva tradicional nos pés deste rapaz!! O patim era constituído por quatro rodas com 1 cm de espessura e com cerca de 10 cm de diâmetro. As rodas eram de plástico e a forma fazia recordar as rodas de bicicleta das BMX que todos os pequenos sonhavam há uma década!

O rapaz deixava de ter 1,50m de altura para passar a ter 1,60m!! Praticamente via os olhos dele quando olhava em frente! Imaginem a queda daqueles "Patins de salto alto"!!

Sem dúvida que o riso fazia parte do dia-a-dia. Por esta altura já começava a sentir que ouvia falar demais da Dinamarca, aquele país pequenino mas com tantas histórias.. por parte do J. Algo que estaria, certamente, para piorar...

Retornámos ao recinto e finalmente, mas finalmente, fomos tomar banho de água limpa!! ou gélida!! limpa e gélida! A questão que eu tanto magicava era relativa à lógica daqueles duches.

Ficávamos numa fila com dezenas de pessoas, com a toalha na mão direita acima da cabeça, para não se sujar, os Herbal Essences na outra mão e o corpo a tocar naqueles que tinham o odor de quem esteve a trabalhar de sol a sol, à espera que o segurança nos permitisse a passagem..

Depois, tínhamos que percorrer um corredor onde tocávamos em pessoas limpas, pessoas sujas, éramos alvos fáceis dos pingos que reflectiam nas peles alheias até encontrar um chuveiro... daqueles que só deitam 3 pingas por segundo!

Lavávamo-nos rápido e a tremer de frio e lá íamos de novo na direcção da saída pelo corredor, passando novamente pelo mesmo. À saída teríamos que vencer a barreira de pessoas sujas que tentava entrar no recinto da limpeza e, quando finalmente chegava ao pó depois da água, que significa que iria para a tenda, já estava novamente fedorenta e badalhoca, com os múltiplos ADN que me assaltaram..

Paparoca, isso sim, já não era sem tempo.. Arrozinho com chouriço e salsicha!

O ritual habitual após a refeição, desde a limpeza à preparação dos digestivos, mas com algo de novo.. Para além dos normais amendoins e pevides, a minha progenitora insistiu para que carregássemos connosco amêndoas que teriam sido oferta dos meus avós paternos.. Amêndoas essas que serviriam de balas numa guerra entre os festivaleiros.

Mas o peso na consciência doía e foi reunida a maioria de novo após a brincadeira. Pouco tardou até que novamente seriam projectadas... E foi nesta parvoeira pegada que, sentada no banco da caça com o frontal na mona, fui projectada por uma chumbada de amêndoas contra a tenda, tendo resultado, não só num ataque de riso incontrolável, como também na perda de uma perna do banco!! O desgraçado ficou só com 3 pernas que, com algum equilíbrio ainda viria a ser útil.

Já parvos da situação, fomos para o recinto encontrarmo-nos com a M. e o Gigante...

Eu e a Fmui andávamos já a galar aquela diversão parva de saltar em cima de camas elásticas presos a elásticos, para dar mortais, vomitar o jantar e torcer tornozelos.. Não resistimos e lá fomos perguntar o que era preciso: 4 amigos e 4 euros em raspadinhas da Santa Casa, 1 por cada um.

Claro que a muito custo para participarem, lá foram convencidos a Menina Rita e o meu Cunhadito. E quem é que pagou, quem foi? Sim, ainda me devem as raspadinhas... e o frango!!!

Ah e tal que era para esperar que seríamos chamados pelo nome de guerra: "Nós os 4!", até estava giro... o problema é que ficamos o quê?! 2 horas e muito à espera!!!

Digamos que não me recordo minimamente de Cypress Hill, porque, nas nossas t-shirts oferecidas a fazer publicidade à Santa Casa, era notável o pó, resultado dos consecutivos moches!!! Qual bando de crianças a rebolar pelo chão! As fotos não são todas reveladas considerando a fraca qualidade.. Mas algumas são para a posteridade...

Só rir!! Não fazem ideia...

Só sei que, depois de finalmente sermos chamados, lá fomos desfrutar de 5 minutos de loucura, e dor! Dor de estômago, dor nos braços e dor nos dedos, porque quando se dava um mortal, os dedos ficavam entalados! Mas valeu a pena... Digamos que saí mesmo azambuada!!

De resto seguiu-se uma correria com a Fmui e o Erva Doce até ao metal que nos separava do palco... Buraka Som Sistema foi realmente um êxito de cair para o lado. Para quem não passou o tempo a analisar as medidas das nalgas da senhora, claro!!!

Depois de tanta arromba, mergulhei no piloto automático que me levou à tenda, me lavou os dentes, me deitou e me adormeceu. Tudo o que parece ter sido em segundos....

O dia seguinte teria que ter muito... mas muitooo de descanso!