"O ano em que a Terra parou e o dia em que devia ter parado"
- Fui contactada para uma entrevista de trabalho de que resultou não só a minha incorporação como profissional de uma clínica de Fisioterapia em Sintra, como também a acoplação da Fmui por afinidade [Nem outra coisa seria esperada, num é?].
- Fui a mais um grande e esse sim memorável [nem percebo porquê!] SW, com a Fmui, Menina Rita, Cunhadito, Erva Doce, Amiga Olga e a Kátia.
- Entreguei finalmente a monografia/trabalho final de curso, que era o que faltava para adquirir o titulo de Licenciatura, após um ano completo de esforço e motivação que resultou num simples: Não aceite.
- O ponto 3 ocorreu em Novembro e desde então que travo uma guerra diária com muitas estratégias de coping na esperança de conseguir lidar com a situação até dia 22 de Maio que será a nova data de entrega desse magnífico estudo [Ainda tenho muito tempo, portanto].
E pronto. Este foi um motivo pelo qual também não voltei a postar porque seria obrigatório o relato desta novela/thriller despoletada por aquelas duas palavrinhas que começam com uma negação... enfim, e que não interessa a ninguém.
Mas o que vos vinha relatar, após ter justificado a minha ausência durante estes dias, era sobre uma hora particular do meu domingo passado que corrobora a teoria do caos.
Mas vamos voltar um bocadinho no tempo para vos explicar..
A Susaninha convidou-me para integrar a Fisioterapia na sua Clínica Médica e Dentária no deserto próximo de Torres Vedras há cerca de meio ano e entretanto já fui lá uma vez deixar umas cáries que me estavam a pesar. Na sexta-feira passada eis que o Piló, essa grande personagem, refere que vai a um massagista devido a uma dor lombar. Foi em segundos que arranjei o meu primeiro utente! E, no meio do blá blá blá que se seguiu durante a noite e no dia seguinte, assim combinámos para as 13 horas do dia em que devia ter ficado com as botinhas do pijama calçadas - domingo.
A primeira tragédia do dia foi não ter conseguido levantar o queixo da almofada, considerando que a noite anterior se tinha estendido até horas antes do despertador tocar e, como o meu utente estava a sofrer do mesmo, combinámos antes para as 15 horas.
Quando faltavam cerca de 15 minutos para as 15 horas parto a uma distância de 25 minutos de Torres Vedras onde iria encontrar o trajecto rumo ao deserto: Olhalvo, que fica a cerca de mais 30 minutos de distância em direcção a Alenquer. Reparei que o depósito estava ao nível da reserva
Chego a Torres Vedras e lá vou eu para a rotunda que acho que foi a que passei com a Susaninha. Por acaso até pensei que podia não ser por ali mas aquela paisagem era-me familiar...
Quando passei lá uma terriola chamada "Serra da Vila" [que por acaso ficava no sentido oposto..] reparei que já tinha andado muito tempo na reserva e que seria melhor ir para a bomba de gasolina e telefonei ao Piló. Seria a minha última chamada porque estava a ficar sem bateria, por isso, e considerando que estava perdida e que ele estava a minha espera à porta de clínica, lá foi ele ter comigo à bomba d gasolina mais perto de Torres Vedras.
Cheguei junto às mangueiras e lembrei-me que não devia ter dinheiro na conta bancária e, por isso, fiz marcha atrás e estacionei junto dos aspiradores. Fui à caixa de multibanco e apercebi-me que tinha toda a razão e não eram os três euros que me levariam a casa de novo. A minha sorte eram mesmo os 8,50 euros que tinha na carteira.
Voltei a chegar-me próximo da mangueira do gasóleo, mas o depósito era do outro lado. Ao menos tentei... Estiquei a mangueira todinha e nada, apenas chegava ao outro lado da bagageira.
Como é óbvio tinha que ir para a bomba ao lado. Volto a ligar o carro e a andar para trás, já estava a ficar desesperada...
Entretanto devia ter olhado para trás, foi o que eu pensei qundo ouvi um barulho, uma buzina e senti o impacto. Bati no carro de trás. "Será possível?!"
Saio do carro e confirmava-se no capô da carrinha do senhor que estava acompanhado da sua mulher que, simpática, não parava de dizer "coitadinha!". Olhava para o carro do senhor, para o meu, para o do senhor, para o meu... "O meu parece não ter um arranhão. A sério? Isso era bom demais..." E não tinha, porque a chapa do meu carro amolgou e voltou para fora como se nada se tivesse passado... E o senhor limpava o capô com os dedos para se notar bem a invaginação do carro e fazer-me sentir pior do que já me sentia.
Disse ao senhor que disponibilizava o meu contacto para me dizer quanto seria a despesa e disse para ir a um "bate-chapas". O senhor referiu então que trabalhava numa oficina e que o arranjo não seria fácil mas que não seria preciso eu suportar essa despesa. Palavras santas!
E ficamos ainda ali um bocado. Ora dizia que não era preciso, ora olhava para o carro qual criança hospitalizada e dizia que ficava feio. À sétima vez que o senhor disse que não era preciso dirigi-me para o carro. O senhor pergunta-me porque é que eu estava a andar para trás e eu com ar aparvalhado lá expliquei que a mangueira não era suficientemente longa para compensar a minha azelhice em ter posto na bomba com o depósito contralateral.
O senhor mais uma vez ***** andou com o carro para trás para eu ter espaço para ir para a bomba ao lado. Sim... pensei em usar a mangueira do gasóleo como aspirador e enfiar-me lá para dentro...
Sempre gastei os 8,50 euros em gasolina, fui pagar, sorri mais duas vezes ao senhor, acenei quando foi embora e voltei a fazer marcha atrás com todo o cuidado conferindo se havia carros, moscas ou formigas atrás, e voltei para o lugar dos aspiradores à espera do Piló.
Passado cerca de 15/20 minutos aparece ele e vamos no carro dele para não levarmos dois carros e tal... [ufa, ainda atropelava algum gato pelo caminho...]. Foi a minha "sorte".
Com esta brincadeira cheguei a casa as 18 horas. Inesquecivel.
P.S. É nestas alturas que agradeço que a senhora tenha repetido tantas vezes: "acontece a qualquer um".